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MAL-ESTAR, BRASIL
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“A terra do gozo sem culpa vira a terra do cinismo ilustrado”
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Coordenador: Paulo Arantes
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Debatem:
José Leon Crochik,
Vladimir Safatle,
Christian Dunker,
Laurindo Minhoto,
Tales Ab'Saber
e Mariane Ceron (mediadora)
Participação especial:
Maria Rita Kehl
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Dia 14 de dezembro Terça-feira, às 9h30
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Auditório da História/USP
Cidade Universitária
São Paulo
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Recomenda-se a leitura prévia do dossiê “O mal-estar do Brasil”, na revista REPORTAGEM nº 61 (outubro/2004), para aprofundamento da discussão no dia.
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Mais informações:
Danilo ()
ou Mari ()
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Realização
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Assinaturas da revista
poderão ser feitas no local
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Arquivo - Segunda-feira, 06 de dezembro de 2004 |
A reforma ministerial o apoio do PMDB ao governo Lula
DOIS PARTIDOS DIVIDIDOS |
O PMDB de Minas Gerais é a maior seção regional do partido. Tem direito a 62 votos nos 698 votos totais da Convenção Nacional do PMDB, prevista para o dia 12 de dezembro, em Brasília, que poderá decidir pelo afastamento do partido do governo Lula. E está dividido em relação a essa questão: adiou sua convenção, que era prevista para este domingo, deixando que cada delegado leve ao encontro de Brasília a sua posição pessoal. De um lado estão líderes como Saraiva Felipe, secretário-geral do PMDB, ligado ao ex-governador Itamar Franco, que é a favor da posição de independência em relação ao governo. De outro, está, por exemplo, o senador Hélio Costa, que é a favor da permanência no governo.
Os governistas acham que a Convenção, se realizada, será um desastre: dividirá irremediavelmente o partido e prejudicará a estabilidade do governo Lula; trabalham para cancelá-la. Convocaram uma reunião da Executiva Nacional para esta quarta-feira em Brasília e esperam forçar o presidente, Michel Temer, a suspender o encontro nacional, com base nos apoios que conseguiram ao que parece, a maioria dos senadores e um rol de governadores e prefeitos de nomeada.
A maioria dos diretórios do PMDB já se manifestou sobre a questão chave da Convenção Nacional e dez foram favoráveis à tese da independência: entre eles, o do Paraná, do governador Roberto Requião, com 55 votos na convenção; o do Rio de Janeiro, do ex-governador Anthony Garotinho, com 54 votos; o do Rio Grande do Sul, também com 54 votos; o de Santa Catarina, do governador Luiz Henrique, com 40 votos; e o de Pernambuco, do governador Jarbas Vasconcelos, há muito ligado ao PFL e o PSDB locais, com 31 votos.
Os diretórios regionais que já se manifestaram a favor da tese da integração no governo Lula são oito. De um modo geral, com exceção do Ceará, do ministro Eunício Oliveira, que têm 41 votos na convenção, são Estados com menor número de votos; e do Nordeste ou Norte do país. São: Alagoas, do senador Renan Calheiros, o mais militante no apoio ao governo Lula, que tem 11 votos na Convenção; Amapá e Maranhão, ambos controlados pelo senador José Sarney, que mora em São Luiz mas tem domicílio eleitoral em Macapá, com seis e 20 votos, respectivamente; Paraíba, com 22 votos, do senador Ney Suassuna, que é um emergente da Barra da Tijuca, mas representa os paraibanos; Rio Grande do Norte, do deputado Henrique Alves, de oligarquia tradicional local, também governista, com 24 votos; e mais Mato Grosso (11 votos) e Roraima (cinco).
Além de Minas Gerais, dos Estados com maior representação no diretório nacional que ainda não tinham tomado posição até o domingo, São Paulo, com 55 votos, sob o comando do ex-governador Orestes Quércia, votará, nesta segunda-feira, pela tese da independência. O mesmo deve acontecer com Goiás, com 33 votos, do senador Maguito Vilela e do prefeito eleito de Goiânia, Íris Resende; e com o Piauí, do ex-governador e hoje senador Mão Santa, com 19 votos. O Pará, do deputado federal Jader Barbalho, com 44 votos, possivelmente votará pela permanência; assim como Rondônia,com 15 votos, do ministro Amir Lando, da Previdência.
O PMDB, como se vê, está dividido. É uma divisão dupla, porque os que são a favor de uma posição de independência em relação ao governo se dividem por sua vez entre os que estão mais à esquerda, com uma posição de crítica ao rumo tomado pelo governo Lula quanto à política econômica que é o caso do governador Roberto Requião e dos ex-governadores Anthony Garotinho e Orestes Quércia e os que estão mais à direita, como os diretórios regionais de Pernambuco e da Bahia, de Jarbas Vasconcelos e Geddel Vieira Lima, partidários de uma união com o PSDB.
O presidente Lula está com dificuldades para realizar a grande reforma ministerial que está prometida desde a saída de Carlos Lessa da presidência do BNDES e do deslocamento de Guido Mantega do ministério do Planejamento, em parte por essa divisão do PMDB. Em parte as dificuldades vêm também do PT. O PT, igualmente, está dividido em relação ao rumo do governo. Na questão do apoio ao projeto de conversão em lei da Medida Provisória que garantirá foro privilegiado ao presidente do Banco Central, dos 90 deputados do partido, 27 votaram na Câmara na semana passada contra a medida e 11 se ausentaram do plenário para não ter de votar a favor.
Para fazer a reforma ministerial, o presidente anunciou uma opção prévia: ela será feita no sentido de consolidar e dar eficiência ao governo na aplicação da política econômica atual, para a qual não haveria alternativas. No fundo, é esse o divisor de águas, do PT e do PMDB. A reforma ministerial que o presidente promete fazer, deve, portanto, dar forma política a essa divisão mais profunda.
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