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MAL-ESTAR, BRASIL
“A terra do gozo sem culpa vira a terra do cinismo ilustrado”
Coordenador:
Paulo Arantes
Debatem:
José Leon Crochik,
Vladimir Safatle,
Christian Dunker,
Laurindo Minhoto,
Tales Ab'Saber
e Mariane Ceron (mediadora)
Participação especial:
Maria Rita Kehl
Dia 14 de dezembro Terça-feira, às 9h30
Auditório da História/USP
Cidade Universitária
São Paulo
Recomenda-se a leitura prévia do dossiê “O mal-estar do Brasil”, na revista REPORTAGEM nº 61 (outubro/2004), para aprofundamento da discussão no dia.
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    Arquivo - Quarta-feira, 01 de dezembro de 2004
Conjuntura política internacional

LIMITES PARA O IMPÉRIO MUNDIAL
As contradições das políticas dos EUA mostram que o país enfrentará dificuldades crescentes para manter o seu controle político e econômico global – isto é o que diz cientista político José Luís Fiori, professor de Economia Política Internacional do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Seus argumentos:

• Aceitar o caminho do combate ao terrorismo proposto pelos EUA significa entrar numa guerra em que eles definem, a cada momento, quem é e onde está o adversário, uma guerra sem fim e cada vez mais extensa, permanente e “infinitamente elástica”.

• O governo Bush propõe uma “rede cidadã” de espionagem, constituída por milhões de homens e mulheres comuns que gastariam parte dos seus dias controlando e vigiando seus próprios vizinhos, cria novas “equipes vermelhas” encarregadas de planejar ataques contra os EUA, pensando como terroristas, para poder identificar as “vulnerabilidades” do país. Cria, assim, um controle permanente e cada vez mais rigoroso da própria sociedade americana, vista pelo governo como um imenso universo de possibilidades agressivas – uma direção paranóica e coletiva rigorosamente insustentável.

• O principio geral do direito americano à guerra preventiva – a estratégia da luta global contra o terrorismo – acabará opondo em algum momento as outras grandes potências. A própria necessidade americana de alianças e apoios nas guerras do Afeganistão e Iraque acabou devolvendo a liberdade de iniciativa militar ao Japão e à Alemanha, ao mesmo tempo em que permitiu à Rússia reivindicar de volta o direito à sua “zona de segurança” clássica. Na Europa, no contexto de uma luta pela hegemonia dentro do continente, se a Inglaterra sair da União Européia, não é improvável que os capitais alemães acabem seguindo o caminho da história e estabelecendo uma nova e surpreendente aliança com o poder militar “ocioso” da Rússia.

• A nova relação que se estabeleceu entre os EUA e a China deslocou e esvaziou o tripé da “época de ouro” da economia mundial – EUA, Alemanha e Japão – que funcionou de maneira extremamente virtuosa entre 1945 e 1980. A prolongada estagnação das economias alemã e japonesa vem recolocando o problema dos seus projetos nacionais derrotados ou bloqueados, e a necessidade de retomá-los como forma de sair da crise, sem contar com a ajuda americana; e apressou a volta da Rússia às suas posições clássicas de corte nacionalista e militarista.

• A nova relação entre EUA e China é complementar e competitiva, econômica e militar. Este foi o grande segredo do sistema mundial criado na Europa, a partir do século 16: a inevitável complementariedade entre os principais competidores que disputam situações hegemônicas e que dinamizam o conjunto do sistema, durante algum tempo, graças à sua competição. No sistema mundial a partir do século 20, durante a Guerra Fria, a regra da complementariedade não foi mantida: os EUA mantiveram sua competição militar com um país (a URSS) com quem não mantinham relações econômicas importantes para o dinamismo de sua própria economia nacional. E mantiveram relações econômicas dinâmicas com países que não tinham autonomia militar, nem possibilidade de expandir seu poder político nacional (a Alemanha e o Japão). Tudo indica que agora, com a nova relação que vem se consolidando entre os EUA e a China, o sistema mundial deve voltar aos seus trilhos “normais”.

• Neste momento, os EUA não têm mais como se desfazer economicamente da China. Mas chegará a hora em que terão de enfrentar o desafio da expansão chinesa, sobretudo quando ela deixar de ser apenas econômica e assumir a forma de uma vontade política hegemônica no sudeste asiático, muito antes, portanto, de se transformar num projeto de poder global.

Fiori é um dos articulistas do Caderno de Opinião sobre o futuro dos EUA após a reeleição de George W. Bush na edição nº 63 da revista REPORTAGEM, que circulará em dezembro com reportagem especial sobre a eleição nos EUA vista a partir de Flint, Michigan, terra Natal do jornalista e cineasta Michael Moore, que engajou-se na campanha para tentar interromper a dinastia Bush.


     Leia também:
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