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Arquivo - Terça-feira, 05 de abril de 2005 |
As perspectivas de mudanças no PT que governa
UM CAMINHO DE CENTRO-DIREITA |
Deve-se prestar atenção na coluna do economista Luiz Carlos Mendonça de Barros, intitulada "Duas decisões de bom senso" e publicada na Folha de S. Paulo desta sexta-feira, 1º de abril. O autor é vinculado ao PSDB e foi presidente do BNDES e ministro das Comunicações do governo Fernando Henrique, e opera no mercado financeiro, desde antes e depois do exercício desses cargos.
Em sua coluna, Mendonça de Barros escreve a certa altura: Gostaria, também, de refletir sobre a informação, que está em nossos jornais, de que o PT pretende realizar um congresso nacional para atualizar seu programa de ação, em razão das mudanças radicais que ocorreram desde que assumiu o poder, com Lula. Peças fundamentais da retórica petista dos anos de oposição, como renegar a dívida externa, defender juros baixos para estimular o crescimento econômico e prioridade nos gastos sociais sem compromissos com a responsabilidade fiscal, seriam substituídos por outros valores. O respeito aos contratos, o compromisso com o equilíbrio fiscal, a importância das exportações e da abertura da economia ao mundo global que nos cerca seriam, entre outros, inseridos no programa do partido da estrela vermelha.
Prosseguindo, o colunista destaca o significado dessas decisões, se vierem a ser tomadas, como parece provável: Com isso, a Carta ao Povo Brasileiro, compromisso que o candidato Lula assumiu quando das eleições de 2002, seria inserida no programa oficial do partido. Esse ato, se realizado, aproximaria definitivamente o PT dos partidos sociais-democratas europeus, apesar de realizado após as eleições que o levaram ao poder. E daria uma extraordinária estabilidade ao quadro político brasileiro, na medida em que retiraria de cena um partido contestador da ordem econômica estabelecida.
E arrematando, o articulista salienta a razão imediata que poderia empurrar o PT a tomar essas decisões: O PT sabe que não pode enfrentar as eleições do ano próximo com essa contradição básica entre seu programa e a Carta ao Povo Brasileiro. Os riscos seriam enormes e poderiam ser explorados, com sucesso, pelo PSDB e pelo PFL. Entre o risco de perder o centro que, pela primeira vez em décadas, resolveu votar em Lula e a certeza de ver a esquerda bandear para outro partido, a direção pragmática do PT parece ter optado pela primeira possibilidade.
Se previsão de Mendonça de Barros se confirmar, ganhariam força entre a esquerda socialista brasileira aqueles que vislumbram que a cena política brasileira estaria hoje dominada pela competição entre duas coalizões de centro-direita, uma liderada pelo PT e a outra pelo PSDB, e que essas coalizões, quanto mais se engalfinham na disputa de cargos e influência, mais confluem na defesa e implementação de um programa social-liberal. Reforçaria a tese o fato de que, na capital paulista, o Diretório Municipal do PT, controlado por quadros ligados à ex-prefeita Marta Suplicy, expulsou o vereador Carlos Giannazi porque se recusou a votar, para presidente da Câmara Municipal, em um vereador dissidente do PSDB, apoiado pelo PT, pelo PCdoB e por um arco de vereadores de direita e de centro-direita.
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