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    Arquivo - Quarta-feira, 14 de setembro de 2005
O consumo mundial de petróleo depois do furacão Katrina

FREIO NA ECONOMIA
A Agência Internacional de Energia (AIE) previu na semana passada que o consumo de petróleo no mundo deve crescer até o final de 2005 em um ritmo muito menor do que o da segunda metade de 2004. Essa previsão soma-se à crescente pressão sobre as empresas petrolíferas no sentido de aliviarem os preços dos combustíveis, a despeito dos danos causados pelo furacão Katrina nas instalações no Golfo do México.

O governo francês, por exemplo, ameaçou com um novo imposto sobre os lucros “excepcionais” das empresas caso o setor não diminua os preços e não aumente os investimentos em fontes renováveis de energia e, mais uma vez, ofereceu ajuda aos agricultores. A Hungria reduziu os impostos sobre os combustíveis para aliviar a conta dos consumidores. Na Itália, as operadoras de postos de gasolina ameaçaram entrar em greve na semana passada caso o governo local não reduzisse os impostos da gasolina. Na Bélgica, os motoristas de vans prometeram bloquear as ruas e os motoristas de táxi disseram que vão começar a elevar as tarifas se não houver reduções nos impostos. No México, o presidente Vicente Fox disse que o governo cobrirá os custos do gás natural e liqüefeito e da eletricidade de forma a suavizar o impacto do Katrina.

Diz a AIE que o consumo de verão no Hemisfério Norte não tem pressionado a demanda mundial. Tanto é assim que, depois de julho, o consumo teve queda da ordem de 450 mil barris por dia. Antes, portanto, do aumento dos preços associado à passagem do Katrina. A despeito da pressão de alta sazonal com a aproximação do inverno, tudo indica que o fiel da balança será, de fato, a China, segundo maior produtor mundial de energia e também o segundo maior consumidor de petróleo, também dá mostras de conter o apetite.

O país importa cerca de 6,3% da produção mundial total de petróleo, o equivalente a 23% do consumo dos EUA e 56% do consumo do Japão. Mas esta semana a Comissão Estatal de Desenvolvimento e Reforma anunciou que a China não vai importar petróleo para repor suas reservas estratégicas enquanto os preços estiverem tão altos, pois isso acrescentaria na equação da economia interna um grande risco financeiro, conforme explicou Zhang Guobao, diretor da Comissão.

Além dos “gargalos” estruturais que estão a obrigar uma desaceleração da economia, o governo chinês teme também uma “inflação interna do petróleo”. Zhu Zhixin, vice-presidente da Comissão Nacional de Reforma e Desenvolvimento da China, disse à agência Xinhua que o aumento nos preços já causa grande impacto na economia. Apesar de ele não citar nenhuma estatística, analistas ouvidos pela agência prevêem que os preços ao consumidor na China podem subir ainda em 2005 cerca de 4% em razão da alta do petróleo.

Se o pé no freio da China for, de fato, mais além do que já se tem imposto em razão dos gargalos estruturais da sua economia e se a isto se juntar um ritmo de crescimento da Europa e do Japão ainda mais lento do que aquele que com muito custo tem sido capazes de manter nos últimos anos, pode-se esperar que os maus ventos do Katrina se espalhem para o resto do mundo. Sem excluir o Brasil.


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