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Arquivo - Sexta-feira, 09 de setembro de 2005 |
O Índice de Desenvolvimento Humano da ONU
O FARDO DA POBREZA |
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) divulgou nesta semana seu Índice de Desenvolvimento Humano de 2005, com base em dados de 2003. O Pnud analisa três áreas: expectativa de vida, taxa de alfabetização e de matrícula e a renda per capita. O Brasil se manteve na 63ª posição entre 177 países, apesar da pequena melhora no índice, de 0,790 para 0,792, que varia entre 0 (mínimo desenvolvimento humano) e 1 (máximo).
O pequeno avanço brasileiro aconteceu em saúde e educação, pois a taxa de matrícula nas escolas subiu de 90% para 91% e a expectativa de vida, de 70,2 anos subiu para 70,5 anos. A renda, no entanto, caiu. A taxa de alfabetização permaneceu estável (88,4% da população). Mas o País ficou entre os piores do mundo no quesito desigualdade social, que, de resto, vem aumentando em todo o mundo.
O estudo do Pnud mostra que os 10% dos brasileiros mais ricos ficam com 46,9% da renda do País, enquanto que os 5% mais pobres ficam apenas com 0,7%. Na África, uma pessoa que vive hoje na Zâmbia (166º no IDH), tem menos possibilidades de chegar aos 30 anos do que uma pessoa nascida na Inglaterra em 1840.
Assim, diz o Pnud, têm poucas chances de serem atingidas as chamadas Metas do Milênio, os oiito objetivos definidos em 2000 pelas Nações Unidas que devem ser cumpridas pelos países-membros até 2015. Para o Pnud, países como o Brasil e os demais da América Latina têm alguma possibilidade de alcançar as metas. No entanto, na África, onde a pobreza do mundo está concentrada, é improvável que haja avanços significativos.
Segundo Ricardo Fuentes, do escritório do Pnud em Nova York, onde o estufo foi preparado, estamos no ponto de uma tragédia se não agirmos agora. No ritmo atual, em 2015 o mundo terá 4,5 milhões de crianças fora da escola além do que já há hoje. Também existirão mais 360 milhões de pessoas pobres e mais 210 milhões não terão acesso à água potável.
O texto do Pnud também critica os países mais ricos. Para cada US$ 1 investido em ajuda aos países mais pobres, outros US$ 10 são investidos em orçamentos militares. Nove dos dez países com IDH mais baixo tiveram conflitos nos últimos 15 anos, disse Fuentes.
Quando foram definidas as Metas do Milênio, os países ricos se comprometeram a doar o equivalente a 0,7% do seu PIB para auxílio dos mais pobres. Porém, a maioria não cumpriu o compromisso, e os que cumprem têm economia pequena, como Suécia, Holanda e Luxemburgo. Países como Japão e EUA estão longe de cumprirem os compromissos que assumiram.
O Pnud também aponta as dificuldades enfrentadas pelos países mais pobres para entrar no comércio internacional como uma das principais barreiras ao crescimento. O relatório mostra que as taxas de importação para produtos de países mais pobres nos EUA são, em média, de 13,6%, enquanto a cobrada dos mais ricos é de apenas 1,6%. Já na Uníão Européia, os valores são de 5% e 2,5%, respectivamente.
Outro entrave para os pobres está nos subsídios dados pelos países ricos a seus agricultores. Isso dificulta a competição, pois as nações pobres têm a agricultura como principal ponto de exportação. Os gastos com subsídios, informa o Pnud, chegam a US$ 1 bilhão por dia.
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