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    Arquivo - Terça-feira, 06 de setembro de 2005
O controle de capitais – O relatório da Unctad sobre as remessas de divisas pelas companhias multinacionais na América Latina

PORTA ABERTA PARA SAIR
O relatório de 2005 sobre a América Latina divulgado na semana passada pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad, na sigla em inglês) mostra dados muito interessantes a respeito do Brasil. Na prática, diz a Unctad, os ganhos do País com o comércio internacional nos últimos três anos foram neutralizados pelas transferências totais de recursos financeiros para o exterior, fenômeno que não foi exclusivo do Brasil. Por isso, a Conferência recomenda que os países em desenvolvimento tenham uma política coordenada para a taxação dessas remessas.

De acordo com o diretor da Comissão Econômica para a América Latina (Cepal) no Brasil, Renato Baumann, ouvido pelo Globo, esses países atraíram, nas últimas décadas, empresas multinacionais sem regular as remessas de recursos para o exterior. Muitas dessas companhias são exportadoras e ganharam bastante com a alta das commodities e a expansão do consumo mundial nos últimos anos.

Baumann disse ao Globo que os países da AL não aproveitaram integralmente os benefícios da renda do comércio exterior, já que a maior parte dela foi reenviada para fora pelas multinacionais. Um bom exemplo está nas mineradoras estrangeiras, que tiveram ganhos maiores com o aumento dos preços nos últimos anos, mas não mantém os lucros obtidos nos países onde operam. No caso do Brasil, o aumento de preço dos produtos exportados em relação às importações nos últimos três anos contribuiu para um ganho de 0,2% ao ano no PIB – cerca de R$ 2,4 bilhões por ano. Porém, ao se levar em conta a remessa de recursos, o efeito no PIB é uma perda de 0,1% ao ano – cerca de R$ 1,2 bilhão por ano.

Dito de outro modo, a cada ano – e só nos últimos três anos – tem saído do País uma quantia que corresponde aproximadamente à soma de R$ 2,4 bilhões + R$ 1,2 bilhão = R$ 3,6 bilhões. Ao longo dos três últimos anos, o escoamento chega a 3 X R$ 3,6 bilhões = R$ 10,8 bilhões, ou cerca de 54 vezes mais do que todo o dinheiro denunciado como o “caixa 2” das campanhas eleitorais recentes do PT e que vem sendo tratado pela mídia como “o maior escândalo da história do Brasil”. Não é, certamente. A riqueza gerada no País e remetida dentro da frágil e interesseira legalidade da movimentação de capitais ganha de lavada.


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