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    Arquivo - Segunda-feira, 05 de setembro de 2005
O consumo de lenha como fonte doméstica de energia no Brasil

OPÇÃO DOS MAIS POBRES
O Globo deste domingo, dia 4, publicou artigo que cita dados do Boletim Energético Nacional (BEN) de 2004, do Ministério das Minas e Energia, segundo os quais, no ano passado, a lenha fornecia 37,7% da energia consumida nos lares brasileiros, seguida pela eletricidade com 31,6% e pelo GLP (gás de cozinha) com 27,3%. O carvão vegetal respondia por 2,4% do total e o querosene, por 0,1%.

O consumo doméstico de lenha no Brasil é de cerca de 1,0 a 1,5 metro cúbico por habitante/ano, muito baixo se comparado com o de outros países pobres. Na Tailândia, por exemplo, o consumo é de 8 a 9 metros cúbicos por habitante/ano. Mas o Ministério do Meio Ambiente diz que o uso da lenha como fonte de energia não representa necessariamente um atraso, a não ser que ela seja explorada de forma indiscriminada. Se o uso for planejado, é uma fonte importante para países pobres, gerando riqueza e renda. “Temos que eliminar a idéia de que a lenha é sinal de pobreza. O uso é uma questão de oportunidade", disse ao Globo o diretor de Florestas do Ministério, Tácio Azevedo.

De fato, o uso que se dá à lenha é muito diverso e está associado ao perfil da distribuição da riqueza em uma região ou país. "EUA, Finlândia e Suécia usam a lenha para aquecimento”, lembrou Azevedo. No Brasil, a região com maior consumo de lenha, cerca de 30%, é o Nordeste. No Centro-Oeste, ela é usada para a secagem de grãos. No Norte, é usada essencialmente para cozinhar. No Sul, é utilizada para secagem de erva mate, de outros produtos agrícolas e também para aquecimento, como nos países ricos.

De modo geral no País, a lenha é utilizada principalmente como complemento ao gás de cozinha, pois seu custo é muito baixo – quase zero –, enquanto os preços de energias "modernas" vêm registrando fortes aumentos nos últimos dez anos. De janeiro de 1995 a julho de 2005, a inflação acumulada medida pelo IPCA foi de 144,07%. No mesmo período, o preço do botijão de gás subiu 622,82% e a energia elétrica, 389,74%.

O consultor Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infra-estrutura (CBIE), disse ao Globo que, além do aumento no preço das outras fontes de energia, três fatores motivam o grande consumo da lenha: 1) o empobrecimento da população, 2) o aumento do peso dos impostos no preço do botijão de gás e, 3) a rigidez do Vale-Gás, um dos programas sociais criados no governo FHC e que repassa há anos os mesmos R$ 7,50 por mês a 8,5 milhões de pessoas de baixa renda. Com o orçamento apertado, a população tem encontrado outras formas de cozinhar e iluminar a casa. Assim como tem encontrado outras formas de trabalhar e sobreviver em tempos de poucos empregos.


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