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Fatos - Terça-feira, 19 de outubro de 2004
A lista de Fatos reúne acontecimentos relevantes e é um ponto de partida para a Oficina de Informações. O bom jornalismo, que não dispensa um ponto de vista, deve, no entanto, partir dos fatos, tais como eles são, independentemente de nossos desejos e intenções.

A reunião de cerca de quatro horas entre representantes brasileiros do setor nuclear e representantes da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) para discutir a inspeção da fábrica brasileira de Resende

GOVERNO BRASILEIRO PROPÕE UM ACORDO PARA A INSPEÇÃO PARCIAL DAS CENTRÍFUGAS

Nesta segunda-feira, reuniram-se administradores brasileiros do setor nuclear – da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), das Indústrias Nucleares Brasileiras (INB) e do Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP) e três representantes da AIEA –, para discutir os termos da inspeção que poderia ser feita na fábrica brasileira de enriquecimento de urânio em Resende, no Estado do Rio de Janeiro. Segundo o presidente da Cnen, Odair Gonçalves, o encontro foi promissor: “Foi encontrada uma maneira de se fazer a inspeção protegendo o segredo tecnológico. A agência queria acesso irrestrito, mas hoje não é mais assim. É possível fazer a verificação sem ter acesso total”, disse ele a O Globo.

Os grandes jornais brasileiros desta terça-feira, de um modo geral, tratam o assunto com preconceito contra o próprio país: o Globo dá destaque a declaração de funcionário da AIEA em Paris, que diz que a agência não fará concessões; o Valor termina seu artigo sugerindo que o Brasil não tem vantagem tecnológica nenhuma com as centrífugas, que os militares esconderiam até do próprio governo. Na avaliação da Folha de S. Paulo, o Brasil fez concessões para permitir uma inspeção parcial: aceitou oferecer "uma visão maior" das tubulações, válvulas e conexões que são a elas ligadas. "O importante é verificar se não há desvios, se não há uma tubulação de urânio enriquecido fora das especificações", disse Gonçalves ao jornal, para o qual reafirmou que a inspeção irrestrita não será aceita, como a AIEA pretendia de início.

Estava prevista para esta terça-feira a presença dos inspetores da AIEA em Resende verificar se é possível fazer a inspeção sem ter acesso total às máquinas. Na quarta-feira haveria nova reunião. Os membros da AIEA são um americano, um sul-africano e um francês. Eles não deram declarações à imprensa. O encontro foi na sede da Cnen, em Botafogo, zona sul do Rio.

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